domingo, 24 de junho de 2007

Ao sair, apague a luz!

Ouço movimentos, barulhos de sirene, portas abrindo-fechando.
Meu corpo é levado por mãos fortes e agora sinto um gelado em minhas costas, aliás pelo corpo todo.

Sístole, diástole - tum, tum...

- Passe o marcador Jorge. Está vendo essa região? É aqui que fazemos a intersecção.

Não sinto meu corpo. De repente me deu vontade de gritar, mas não consigo.
Solidão...

- Primeiro tiramos os órgãos inteiros e colocamos nessas tigelas.
- O senhor não precisa do dreno?
- Não Jorge, já não é mais necessário, do jeito que encontramos...

Por que será que não consigo reagir?
Não abro os olhos, mas pensando bem, prefiro ficar assim!

- Doutor, senti o braço se mexendo!
- Ah, são os movimentos involuntários dos músculos. Fica assim nas primeiras horas. Quando começarmos a serrar não se assuste, pode abrir os olhos!

Frio...
Muito frio...

- Nossa, doutor, tão novinho, quantos anos?
- 25. Mundo cruel!

Estou começando a sentir calafrios, uma força me puxando... Não estou sentindo mais nada.

- Jorge, vou deixá-lo agora, já sabe o que fazer não é?
- Sim, costurar tudo, colocar na gaveta e colocar a ficha de identificação.
- Isso, e não esqueça de limpar tudo.
- Ok!

Agora acho que posso partir, não há mais nada que possa fazer aqui!

- Ah, Jorge, e ao sair, apague a luz!

sábado, 2 de junho de 2007

Mais um dia de inverno

Naquela tarde não estava disposta, não queria conversar com ninguém... Mas, ainda assim ele insistiu.

Sentou-se ao meu lado, falou algo sobre o sol, eu só consegui sorrir. Só
Não estava animada, ou seria o frio não permitia que eu abrisse minha boca?!
Ele falou mais algumas coisas que não dei importância, mas respondia com um sorriso e concordava com a cabeça!

Voltei ao livro que estava lendo, com esperança de que ele parasse de falar...

Não, ele não parou de falar, mas foi mais incisivo em sua atitude. Levantou e sentou-se ao lado de uma senhora. Ali travou uma conversa ilimitada de risadas e gesticulações! Um senhor sozinho, que precisava ouvir e ser ouvido, precisava do calor humano dos gestos, das palavras... Ali ele ficou feliz!

sexta-feira, 1 de junho de 2007

O início

Tudo começou com uma dúvida, um paradoxo criado por mim mesma!

E aqui estou!